Trazidas da Ilha da Madeira, as primeiras mudas de videira aportaram ao Brasil em 1532, sendo introduzidas na Capitania de São Vicente (hoje Estado de São Paulo), através de Martim Afonso de Souza, um dos colonizadores do país. Contudo, por muito tempo, a atividade vitivinícola ficou restrita a minúsculas áreas, em diversos pontos do território nacional, sendo o vinho aqui elaborado destinado ao consumo familiar e ao comércio eventual e restrito. Tal situação pode ser atribuída a medidas protecionistas de Portugal: para evitar uma eventual concorrência à bebida feita na metrópole, a corte chegou a proibir o cultivo de uva no Brasil, por alvará de 5 de janeiro de 1789, de D. Maria I.
Desta maneira, a história da vitivinicultura brasileira só começa a ser efetivamente escrita a partir de 1875, com a instalação de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, sobretudo na Serra do Nordeste. Herdeiros de uma longa tradição vitivinícola, eles logo confeririam grande importância econômica à atividade: já em 1884, seriam elaborados, na região, 8.490.000 litros de vinho.
A cadeia produtiva da uva e do vinho vai crescendo, impulsionando o desenvolvimento da área em que se instalaram os imigrantes. Nas duas primeiras décadas do século XX, aparecem as primeiras cantinas de maior expressão, algumas delas existentes até hoje. Em 1911, o cooperativismo vinícola surge no Estado, em uma primeira fase que dura não mais do que quatro anos. O modelo associativista seria retomado a partir de 1929, com a fundação, em um período de dez anos, de 26 cooperativas, muitas das quais também atuantes até os dias atuais.
Um salto significativo de qualidade na produção ocorre a partir de 1964, com a instalação, no Rio Grande do Sul - na Serra Gaúcha e também em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai -, de empresas multinacionais de bebidas. Estas companhias implantam, em larga escala, sistemas de cultivo de videiras diferenciados, como a espaldeira (até então a latada, que vem perdendo espaço ao longo dos anos, era quase que absoluta), e moderna tecnologia na vinificação.
Outro momento importante se verifica de meados da década de 1980 para cá. Pequenos viticultores, a partir da experiência adquirida na condição de fornecedores para grandes indústrias, começam a investir na qualificação de sua produção própria de vinhos. Para tanto, entre outras ações, encaminham seus filhos para cursos de enologia, de onde os jovens retornam aptos para assumir a direção técnica do estabelecimento da família e para elaborar produtos de qualidade. Muitos dos nomes de destaque no atual panorama vinícola brasileiro se inserem neste quadro.
Nos últimos anos, assiste-se a uma 'ampliação de horizontes', com o surgimento de outras zonas como opção para expansão da atividade vitivinícola. As principais novas áreas, que atraem investimentos de vinícolas gaúchas e estrangeiras, são a parte meridional do Rio Grande do Sul (municípios de Bagé e Encruzilhada do Sul), o Vale do Rio São Francisco, no Nordeste do Brasil (divisa entre Pernambuco e Bahia), Santa Catarina e Minas Gerais. |