As primeiras videiras plantadas no Chile foram trazidas em meados de 1550 pelos missionários da Espanha que queria produzir vinhos de mesa e para missa. Estes varietais espanhóis, particularmente Pais e Moscatel (produzido ainda hoje), produziram vinhos chilenos por vários séculos. Os produtores utilizavam técnicas primitivas (os vinhos eram adocicados e estabilizados, freqüentemente fervidos) para produzir vinhos rústicos.
Com o inicio da importação dos varietais dos grandes vinhos de Bordeaux, os chilenos descobriram que podiam produzir uma classe superior dos vinhos, e a era moderna de produção começou. Em 1830, Claude Gay, um francês, persuadiu o governo para criar um viveiro oficial chamado de Quinta Normal para estudos botânicos. Um número expressivo dos seus primeiros espécimes era de videiras francesas saudáveis de vitis vinífera, que a isolação geográfica protegeu da filoxera e de outras doenças européias. Na segunda metade do século XIX, enquanto seus vinhedos originais foram devastados, as videiras do Chile permaneceram intocadas pela filoxera e oídio - uma situação que continuava presente. Por volta de 1900, o Chile teve rendimentos generosos de Cabernet Sauvignon, Merlot e Carmenère assim como dos varietais espanhóis, para o mercado doméstico.
Com a morte de Allende em 1973, o poder político passou ao governo militar repressivo de Augusto Pinochet, que parou o processo de nacionalização e devolveu vinhedos às famílias históricas, mas não remediou os problemas da indústria de vinho. Os dezessete anos seguintes trouxeram a guerra civil e instabilidade social e a produção de vinho enfraqueceu. A metade dos vinhedos do país foi destruída no início dos anos 80.
Quando a democracia e a estabilidade foram restauradas, entretanto, os produtores internacionais estavam ansiosos para investir no potencial chileno de agricultura. O mundo do vinho estava pronto para uma fonte econômica de varietais de custo-benefício e o Chile estava preparado para satisfazer a este nicho. Sua força de trabalho estável, clima propício e registros que o comprovaram como uma nação produtora atraiu corporações da França, dos Estados Unidos, da Espanha, da Austrália e do Japão.
As novas companhias investiram pesadamente em tecnologia moderna e revitalizaram e replantaram vinhedos. Vinte e cinco mil acres de variedades superiores, particularmente Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay, foram instalados entre 1987-1993. Em um grande estouro de modernização, os investidores transformaram vinícolas antigas, instalaram equipamentos de produção avançados, e trouxeram uma nova geração de winemakers formados em universidades. Muitos dos novos winemakers chilenos vieram da universidade de Santiago, mas uma minoria notável de peritos franceses e americanos trouxe sua perícia para as novas vinícolas.
Agora com planos mais ambiciosos, os mesmos produtores internacionais que incrementaram o vinho chileno barato, estão dirigindo-se à categoria mais refinada de vinhos. Na busca para impressionar "connoisseurs", os winemakers criaram vinhos de diferentes estilos: algumas expressões pessoais do "terroir"; vinhos "modernos" limpos, frutados para conquistar consumidores internacionais; e ainda um outro estilo, concentrado na "finesse" e elegância. Toda essa variedade faz do Chile o Bordeaux do hemisfério do sul. |